Artigo

Sampa é demais

Por Paulo César Olmedo
Engenheiro Civil

Por desinência do destino, fiquei retido na capital do estado de SP até 20 de maio. Viajei dia 30 de abril para o aniversário de minha neta mais jovem e voltaria dia 7, mas os acontecimentos no RS fizeram que o retorno para Porto Alegre fosse cancelado, sem que ao menos a Latam oferecesse alguma opção de percurso alternativo. Consegui comprar uma nova passagem pela Azul, de Campinas direto à Pelotas, deixando meu carro em Porto Alegre. Nesse mesmo vôo tivemos a companhia de nosso único deputado federal, Daniel Trzeciak. Ele se deslocava desde Brasília para dar assistência e alento ao nosso povo atingido pelas enchentes e oferecer seu apoio a reconstrução, que precisaremos daqui para a frente.
Todo esse tempo não fiquei indiferente ao que aqui acontecia, tinha notícias em todos os canais das Tvs aberta e fechada, além das redes sociais. Acho que o Brasil e o mundo deu a mão para ajudar o Rio Grande do Sul, embora alguns acontecimentos deixassem a desejar, inclusive aqueles de políticos querendo se promover com a desgraça alheia.
Apesar de já conhecer São Paulo, nunca tinha ficado tanto tempo lá, por isso posso afirmar que aquela capital é o coração do Brasil corporativo. Todo o negócio que for instalado por lá tem condições de prosperar. Fui ao mercado municipal comer o famoso sanduíche de mortadela, que na verdade é o contrário, a mortadela é que vem recheada com o pão. Passei na 25 de março em ebulição, fui no Bom Retiro, onde as sacoleiras e lojistas de todo o Brasil suprem seus estoques da última moda, almocei e jantei em vários restaurantes que diminuíram minha conta bancária, inclusive no Bixiga. Visitei as feirinhas famosas da praça da República e Benedito Calixto, cheias de antiguidades e Lps a R$ 5,00, comprei alguns para aumentar minha coleção. Apesar da desgraça da cracolândia que se espalha pelo centro, onde a fragilidade humana é explorada por facções desumanas, que vendem o destino das pessoas e suas almas para o inferno das drogas, existe muita beleza no entorno central como o Mosteiro de São Bento, a Igreja da Sé, o viaduto Santa Efigênia construído todo em aço e o Bairro da Liberdade, além da obra prima do arquiteto Oscar Niemeyer, o edifício Copan, que abriga o Bar da Dona Onça.
Bem, gostaria de falar de Campinas, que em 1984 tinha a mesma população de Pelotas, cerca de cem mil habitantes e economias semelhantes. Hoje, aquela cidade paulista tem mais de 1,5 milhão de pessoas sob suas asas, sendo uma das mais pujantes do País. Ao passar por São Bernardo do Campo vimos a Chems, que foi enxotada daqui porque as ONGs acharam que não servia para Pelotas. Ficava bem ali na rua Gonçalves Chaves, ao lado da F.C. Lang, que faz parte de nossa história. A Chems, hoje, ocupa uma área de 20 hectares, tem créditos de carbono, seus produtos vão para todo o Brasil e são exportados para o resto do mundo.
Precisamos reconstruir o Rio Grande e impulsionar a indústria, para que Pelotas possa ocupar o lugar que sempre lhe pertenceu. Acorda, Princesa.

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